sexta-feira, 28 de agosto de 2009

França, Brasil e o marketing de livros

Nunca bloguei sobre o fato de trabalhar em uma editora.  Mas, acredito que esse post passou a ser pertinente, porque trabalho em  um mercado dinâmico e as estratégias para ele mudam quase que diariamente. Fico muito contente, e orgulhoso, pois a Ediouro acompanha essas mudanças e tem saído sempre na frente quando o assunto é tecnologia e estratégias em marketing digital. Contudo, pensei que ficaria desconfortável em escrever este post. Não quero que esse blog seja um canal "jabá inside", embora seja fato que trabalho para uma das mais respeitadas editoras do país e líder de mercado. Espero somente dar uma ajuda a quem enfrenta o desafio diário de vender livros no Brasil.

A pedido da minha amiga de Sou + Web, Marisa Lemos, resolvi comentar aqui no MeEmblogando um post que ela me enviou essa semana. Ele aborda a forma como o lançamento de um livro é feito na França e a diferença de pensamento das editoras francesas em relação as da Terra Brasilis.

Em resumidas linhas, o post afirma que, na França, o lançamento - assim como o planejamento do marketing de um livro -,  é feito de maneira bem diferente daqui no Brasil. Lá, 200 blogueiros comentam o livro - ainda em fase de manuscrito - e, com base na análise da repercussão das resenhas, todo o processo de promoção do livro é definido. Isto é, o livro não é promovido na grande imprensa, ou "dead tree society", como o autor do texto, Fernand Alphen, coloca.

Acho esse modelo super válido, pois ele dá credibilidade ao livro e à editora. As opiniões vêm de leitores e não de críticos literários acostumados a escrever o mesmo blá blá blá de sempre. A relevância gera credibilidade nos comentários e isso promove o livro positiva ou negativamente. Ou seja, não há enganação. Ou o produto é bom, ou não é.

Entretanto, esta estratégia também implica uma profunda quebra de paradigma. Muitos marketeiros no Brasil, acreditem se quiser, ainda pensam que mais vale um outdoor parado, caro, muitas vezes não lido, para divulgar um produto, do que uma boa ação de social media.

O mercado editorial aqui ainda padece da tirania da grande imprensa. É inegável que uma matéria em um grande veículo ainda mobiliza mais pessoas a conhecer um livro, mas uma ação focada em mídias sociais aproxima mais a marca de seus potenciais compradores. Quando um grande veículo fala de uma marca, a mensagem pode se perder, pois o campo de abrangência desse mesmo veículo é muito extenso. Porém uma ação bem planejada e direcionada provavelmente terá um impacto maior, porque seu público é definido. Vale lembrar que o modelo francês avalia o pré e não o pós. Isso significa que a editora ainda tem uma valiosa métrica em suas mãos para coordenar as ações que julgar necessárias. 

Para terminar, não acho que devemos promover uma guerra entre a grande imprensa e os blogueiros. Os grande jornalistas sempre serão relevantes. Entretanto, o modelo arcaico de promoção no Brasil ainda deve persistir por um tempo. Essa quebra de paradigma será lenta, como tudo o que acontece por aqui. Isso é cultural. Mas, como profissionais de marketing, não devemos desistir dela. Temos que aproximar cada vez mais os consumidores de nossos produtos. Usar as ferramentas que temos a nossa disposição com habilidade e alcançar o engajamento que desejamos. Afinal, é conversando que a gente se entende.

BlogBlogs.Com.Br

Um comentário:

  1. Fabio, desde que todos descubram/aprendam a medir ROI nas ações de marketing - social ou não - nem será preciso mais discussão.
    Acredito que cada caso é um caso, mas sem dúvida o caminho da social media não tem volta. Afinal, engajamento, marketing boca-a-boca, consumidores apaixonados pelo seu produto, tudo isso é potencializado nas redes sociais, e sempre foi com o que nós, profissionais de marketing, sonhamos.
    Um abraço!

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