segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Quem vê futebol, não vê violência


Começo hoje com uma mea culpa. O "meemblogando" não é um blog de um assunto só, mas sei que é recorrente o tópico futebol aqui. Acho que isso se deve ao fato da minha irrestrita admiração pelo esporte bretão e pela forma como o vejo e relaciono à vida de todos nós.

Já reparou como várias expressões futebolíticas são usadas até mesmo por pessoas que dizem odiar futebol? "Pô, embolou o meio de campo", "me jogaram pra escanteio", "chegou aos 45 do segundo tempo", "te deixei na cara do gol", "tô na área - se derrubar é pênalti", entre outras são comumente ouvidas em nosso dia-a-dia. Então, não tenho um pouquinho de razão? rsrsrs....

Esse post foi motivado pela matéria do Esporte Espetacular, da Rede Globo, exibido no domingo (4), que levantou a polêmica da comemoração de gols com gestos que simulam alguém atirando. Alan Kardec, do Vasco; Souza, do Flamengo, já foram vistos fazendo tais gestos. O programa perguntou aos jogadores o que eles achavam disso tudo. Alguns se mostravam a favor, outros contra e a maioria ficou em cima do muro, como vários boleiros costumam fazer. Mas, será que não estamos fazendo uma tempestade em copo d'água?

Entre os adjetivos usados para descrever um atacante que faz muitos gols estão matador e artilheiro - que vem de artilharia, um termo que faz alusão ao militarismo. Daí, os jogadores se mostrarem como matadores. Claro que vivemos em tempos de violência exacerbada e tais gestos poderiam influenciar o comportamento dos jovens mal orientados, mas ninguém vai comprar uma arma ou virar bandido porque viu o fulano na televisão ou no estádio, dando tiros imaginários, não é?

O time inglês, Arsenal, é conhecido como "gunners" (algo como os que têm as armas) e não promove a violência com isso. O cracaço de bola, Roberto Rivelino, campeão mundial pelo Brasil, em 70, ficou conhecido como a "patada atômica". Alguém já viu o Riva ser ameaçado pelo Greenpeace?

Acho a polêmica interessante, mas não vejo esses gestos com olhos preocupados. Penso que outras formas de comemoração poderiam ser evitadas. Por exemplo: tirar a camisa do clube depois de fazer um gol. No mundo profissional de hoje, patrocínio é fundamental. Ao fazer um gol, o jogador vira o centro das atenções de todos no estádio e nas câmeras. Aí ele "aproveita" sua alegria para omitir o nome da empresa que, muitas vezes, paga o seu salário. Aí, não dá! Jogadores chutando placas publicitárias, também não é legal. Alegria não tem haver com depredação. Que o digam os incautos que saíram destruindo tudo que viam aqui no Rio e viram o sol nascer quadrado. Bem feito.

Espero que o futebol continue a ser motivo de polêmicas, sim, mas que as mesmas tenham mais fundamento no futuro.

Foto: o atacante Souza, do Flamengo, simula ser um "matador". Será que ele realmente quer promover a violência?
Fonte:
www.diariodecuiaba.com.br

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