A culpa não é da estagiária!

Eu tinha que dividir essa com os amigos do Me Emblogando.

Uma amiga minha foi agraciada com esta "pérola".

Para não deixar ninguém constrangido, vou dramatizar a história, sem dar nomes aos bois, claro.

Uma estagiária liga perguntando sobre o evento de lançamento do livro A Revista do Lalau.

- Gostaríamos de conseguir alguns exemplares autografados pelo autor. Seria possível?

- Infelizmente, não será possível. Mas, posso pedir ao organizador do livro que autografe alguns exemplares e mande para vocês.

- Ah, mas nós gostaríamos que fosse do próprio autor! Tudo bem. Vou falar com a minha gerente.

Meia hora depois, liga a gerente.

- Oi, nós gostaríamos de obter alguns livros autografados pelo autor de A Revista do Lalau, mas você disse que não seria possível.

Tentando evitar um constrangimento maior à gerente -, a pessoa do outro lado da linha pondera mais um vez.

- Olha, realmente não vai ser possível, mas eu disse a sua estagiária que podemos mandar uns exemplares autografados pelo organizador do livro.

- Mas, isso é um absurdo! Eu gostaria de um autógrafo do autor e não do organizador. Por que você não pode providenciar isso? Que má vontade do autor, heim!

Após esgotar todos os esforços para evitar um confronto com a gerente e perder a sua paciência Gandhiana, a atendente dispara.

- Minha senhora, isso não será possível porque o Sérgio Porto, autor do livro, morreu há quarenta anos!!!!

Devidamente informada e envergonhada, a gerente se despede. - Ah, então tudo bem. Obrigada, viu?

Essa historinha verídica serve de lição para algumas situações. Antes de pedir qualquer informação, especialmente no trabalho, procure se informar sobre o assunto. Isso é uma prova de respeito ao profissional que está do outro lado.

Podemos chamar este episódio de Literary FAIL. ;-)

Em tempo:

Sérgio Marcus Rangel Porto (Rio de Janeiro, 11 de janeiro de 1923 — Rio de Janeiro, 30 de setembro de 1968) foi um cronista, escritor, radialista e compositor brasileiro.

Era mais conhecido por seu pseudônimo Stanislaw Ponte Preta. Sérgio começou sua carreira jornalística no final dos anos 40, atuando em publicações como as revistas Sombra e Manchete e os jornais Última Hora, Tribuna da Imprensa e Diário Carioca.

Nesse mesmo período Tomás Santa Rosa também atuava em vários jornais e boletins como ilustrador. Foi aí que surgiu o personagem Stanislaw Ponte Preta e suas crônicas satíricas e críticas, uma criação de Sérgio juntamente com Santa Rosa - primeiro ilustrador do personagem -, inspirado no personagem Serafim Ponte Grande de Oswald de Andrade.

Porto também contribuiu com publicações sobre música e escreveu shows musicais para boates, além de compor a música "Samba do Crioulo Doido" para o Quarteto em Cy. Conhecedor de Música Popular Brasileira e jazz, ele definia a verdadeira MPB pela sigla MPBB - Música Popular Bem Brasileira. Era boêmio, de um admirável senso de humor e sua aparência de homem sisudo escondia um intelectual peculiar capaz de fazer piadas corrosivas contra a ditadura militar e o moralismo social vigente, que fazem parte do FEBEAPÁ - Festival de Besteiras que Assola o País, uma de suas maiores criações.

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